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Gênesis 2 - O Ser Humano, o Paraíso e a proibição

  • Foto do escritor: Olhar de Nossa Senhora
    Olhar de Nossa Senhora
  • 22 de mar.
  • 6 min de leitura


1Assim foram concluídos o céu e a terra com todo o seu exército. 2No sétimo dia, Deus terminou todo o seu trabalho; e no sétimo dia, ele descansou de todo o seu trabalho. 3Deus então abençoou e santificou o sétimo dia, porque foi nesse dia que Deus descansou de todo o seu trabalho como criador.4aEssa é a história da criação do céu e da terra. [1,1-2,4a]


A humanidade é o centro da cria­ção4bQuando Javé Deus fez a terra e o céu, 5ainda não havia na terra nenhuma planta do campo, pois no campo ainda não havia brotado nenhuma erva: Javé Deus não tinha feito chover sobre a terra e não havia homem que cultivasse o solo 6e fizesse subir da terra a água para regar a superfície do solo. 7Então Javé Deus modelou o homem com a argila do solo, soprou-lhe nas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser vivente.


8Javé Deus plantou um jardim em Éden, no Oriente, e aí colocou o homem que havia modelado. 9Javé Deus fez brotar do solo todas as espécies de árvores formosas de ver e boas de comer. Além disso, colocou a árvore da vida no meio do jardim, e também a árvore do conhecimento do bem e do mal. 10Um rio saía de Éden para regar o jardim, e de lá se dividia em quatro braços. 11O primeiro chama-se Fison: é aquele que rodeia toda a terra de Hévila, onde existe ouro; 12e o ouro dessa terra é puro, e nela se encontram também o bdélio e a pe­dra de ônix. 13O segundo rio chama-se Geon: ele rodeia toda a terra de Cuch. 14O terceiro rio chama-se Tigre e corre pelo oriente da Assíria. O quarto rio é o Eufrates.


15Javé Deus tomou o homem e o colocou no jardim de Éden, para que o cultivasse e guardasse. 16E Javé Deus ordenou ao homem: “Você pode comer de todas as árvores do jardim. 17Mas não pode comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, com certeza você morrerá”.


18Javé Deus disse: “Não é bom que o homem esteja sozinho. Vou fazer para ele uma auxiliar que lhe seja semelhante”. 19Então Javé Deus formou do solo todas as feras e todas as aves do céu. E as apresentou ao homem para ver com que nome ele as chamaria: cada ser vivo levaria o nome que o homem lhe desse.20O homem deu então nome a todos os animais, às aves do céu e a todas as feras. Mas o homem não encontrou uma auxiliar que lhe fosse semelhante.


21Então Javé Deus fez cair um torpor sobre o homem, e ele dormiu. Tomou então uma costela do homem e no lugar fez crescer carne.

22Depois, da costela que tinha tirado do homem, Javé Deus modelou uma mulher, e apresentou-a para o homem. 23Então o homem exclamou: “Esta sim é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque foi tirada do homem!”


24Por isso, um homem deixa seu pai e sua mãe, e se une à sua mulher, e eles dois se tornam uma só carne.

25Ora, o homem e sua mulher estavam nus, porém, não sentiam vergonha.



Gênesis 2 oferece uma segunda narrativa sobre a criação do homem e do mundo, que complementa a visão apresentada no primeiro capítulo do livro. Se no capítulo anterior a criação é retratada de forma grandiosa e cósmica, em Gênesis 2 somos levados a uma visão mais pessoal e íntima, que nos fala diretamente sobre nossa origem, nossa vocação e nossa relação com Deus. A criação do homem, o jardim do Éden e a relação entre o ser humano e a mulher são elementos centrais dessa narrativa, e cada um deles carrega lições profundas sobre a dignidade humana e o propósito de nossa vida.


A história começa com a descrição do estado da terra antes de qualquer intervenção divina: “a terra estava sem forma e vazia, e as trevas cobriam o abismo”. Aqui, percebemos um cenário de vazio e caos, um contraste direto com a ordem que será imposta por Deus. O ato criador de Deus, no entanto, não ocorre de forma impessoal ou distante. Ele molda o homem com suas próprias mãos, fazendo-o a partir do pó da terra, infundindo-lhe o fôlego da vida. Isso não é apenas um detalhe sobre a forma do homem, mas uma afirmação profunda sobre sua natureza. O ser humano é criado do pó da terra, mas também do sopro de Deus. Ele é, portanto, uma união de terra e divindade, de matéria e espírito, o que lhe confere uma dignidade única, pois sua origem está tanto na terra quanto no Criador.


Após a criação do homem, Deus o coloca no jardim do Éden, um lugar de beleza e abundância. O Éden é descrito como um espaço de harmonia, onde tudo foi preparado para o homem viver em plenitude. Deus, então, dá ao homem a tarefa de cuidar e cultivar o jardim, estabelecendo, desde o início, que o ser humano tem uma vocação de responsabilidade sobre a criação. A relação do homem com o jardim é uma relação de cuidado, não de domínio. Ele não deve explorar ou destruir, mas cuidar daquilo que foi dado a ele. Esse é um princípio fundamental para entendermos nosso papel no mundo. O ser humano não é o senhor da criação, mas um administrador, alguém que, à semelhança de Deus, deve atuar com sabedoria e respeito diante da criação.


Deus também estabelece uma ordem para a vida do homem no Éden. Ele é livre para comer de todos os frutos do jardim, exceto do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. A proibição de comer dessa árvore estabelece uma limitação, uma regra, e é nesse ponto que a verdadeira liberdade do homem é revelada. A liberdade não é a ausência de limites, mas a capacidade de fazer escolhas conscientes dentro de uma estrutura de responsabilidade e ordem. A presença da árvore do conhecimento é uma oportunidade para o homem exercer sua liberdade, escolhendo viver segundo a vontade de Deus ou se afastar dela. A liberdade, portanto, está ligada à relação com o Criador e à confiança em Seu plano.


A criação da mulher, a partir da costela de Adão, é o ponto culminante dessa narrativa. Ao ver a mulher, Adão exulta: “Esta, finalmente, é osso dos meus ossos e carne da minha carne.” A mulher é criada como uma companheira, alguém que é parte dele, mas que também é diferente dele. Isso nos ensina sobre a complementaridade entre homem e mulher. A mulher não é inferior ou secundária ao homem, mas uma companheira igual, com dignidade e valor próprios. Essa criação não é apenas uma união física, mas também espiritual e emocional. O homem e a mulher foram feitos para viver em harmonia, com um relacionamento de respeito, amor e reciprocidade. A união entre eles é o reflexo da união que Deus deseja ter com a humanidade.


Em Gênesis 2, a relação entre o homem e Deus é íntima e direta. Deus se aproxima do homem, não de forma distante ou abstrata, mas de maneira pessoal, como o Criador que se importa com o que criou. Deus coloca o homem no jardim, lhe dá um propósito e uma missão, e lhe dá também a liberdade de escolha, o que demonstra respeito pela sua dignidade. A criação da mulher revela que a missão de viver em harmonia com a criação e com o Criador não é uma tarefa isolada, mas é vivida em comunidade, dentro da relação conjugal, que é a base para a sociedade humana.


Esse relacionamento íntimo com Deus e a dignidade do ser humano são o fundamento da verdadeira liberdade. Em Gênesis 2, a liberdade do homem não é apenas a capacidade de agir sem restrições, mas a capacidade de viver de acordo com a vontade de Deus, escolhendo viver em harmonia com Ele e com a criação. A presença do mandamento, de uma regra estabelecida por Deus, mostra que a liberdade verdadeira está em escolher o que é bom, o que é justo, e não em viver sem qualquer tipo de limite ou responsabilidade. O homem, ao fazer essa escolha, se alinha com o propósito divino e se torna verdadeiramente livre.


A vocação humana descrita em Gênesis 2 é uma vocação de cuidado, de responsabilidade, de relacionamento e de liberdade. Somos chamados a viver em harmonia com a criação e com Deus, exercendo nossa liberdade com sabedoria e responsabilidade, respeitando a dignidade dos outros e cuidando da criação com zelo e amor. O relacionamento entre homem e mulher, assim como o relacionamento com Deus, é um reflexo dessa harmonia divina. A vida humana, desde o início, é uma vida de interdependência: com Deus, com a criação e com os outros. O amor e a parceria que surgem dessa interdependência são fundamentais para que o ser humano realize plenamente o seu propósito na terra.


Essa narrativa também nos desafia a refletir sobre nossa própria relação com Deus e com a criação. Estamos vivendo de acordo com o propósito que Deus tem para nós? Estamos cuidando do mundo e das pessoas ao nosso redor com o amor e a responsabilidade que Deus nos confiou? A história de Gênesis 2 nos convida a buscar essa harmonia, a escolher viver em relação com Deus e com os outros de maneira que promova o bem e a beleza de Sua criação.



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